Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma
E se pudesses dar outra oportunidade ao computador velho que tens em casa ou às calças de ganga que já não usas? Tens mesmo de comprar mobília nova para a tua casa? E o carro, ainda vale a pena comprar um? A Economia Circular pode ser a resposta que procuras.
Imagina uma linha. No seu início está a empresa, no meio está o consumidor e, no fim, estão os produtos usados. É desta forma linear que grande parte das vezes consumimos bens materiais: a empresa utiliza recursos e matérias-primas para gerar o produto, nós consumimos enquanto nos for útil e, quando essa utilidade terminar, juntamo-lo à pilha de produtos que já usámos e deitámos fora. Se pararmos e refletirmos, somos capazes de entender que, em termos de impacto para o ambiente, este estilo de consumo põe em causa constantemente a sua sustentabilidade e é esse o grande problema que enfrentamos.
Exigimos de forma continuada recursos para a produção e damos o produto por inútil sempre que já não nos servir pessoalmente, ou seja, deparamo-nos com duas situações preocupantes: a progressiva escassez de recursos e o constante desperdício. Evidentemente que soluções como a reciclagem podem contribuir para a não acumulação de resíduos, encaminhando-os para novas funções e tornando o sistema menos linear e mais circular. Mas, será que chega para balançar com o restante desperdício e com a sobrecarga dos recursos?
E se todo o processo de consumo fosse circular? O título deste artigo não é aleatório e em muito nos explica aquilo que acontece quando decidimos produzir, consumir e gerir resíduos de forma cíclica, onde o desperdício não existe.
Móveis, roupa, tecnologias, decoração, tudo aquilo que utilizamos pode ser produzido e consumido através de estratégias que reaproveitam, reparam e reutilizam os mesmos materiais para um novo ciclo de consumo. Adotando esta circularidade, não só diminuímos a quantidade de desperdício existente, como também abrimos espaço para que os sistemas naturais se regenerem.
O futuro é circular e o mercado já se deu conta da veracidade desta afirmação. Empresas e marcas estão a repensar a sua estrutura e forma de ação, para entrarem na Economia Circular e combaterem problemas ambientais evidentes. Aplicam conceitos de eco design e desenham produtos que, mantendo a sua função, geram menos impacto ambiental negativo no seu ciclo de consumo. Preferem trabalhar com energias renováveis e atingir metas positivas de eficiência energética. Estabelecem estratégias de prevenção de desperdício, focando-se em soluções de reutilização e reparação. Ou ainda, no caso da indústria dos automóveis e transportes, criam-se estratégias de utilização semelhantes àquelas que já utilizamos em serviços de sharing de carros, trotinetes, motas ou bicicletas. Em vez de uma aquisição tradicional, criam-se serviços de aluguer, partilha ou leasing que permitem fazer trajetos de curta ou longa distância sem precisarmos sequer de ter um veículo próprio. Serviços estes que já existiam, mas eram uma alternativa que nem chegava ao estatuto de Plano B.
Hoje, são cada vez mais o plano A e é por aí que necessariamente temos de nos posicionar: numa economia que consegue satisfazer as necessidades das pessoas sem ignorar as próprias necessidades do ambiente. Com produtos com mais vidas que os gatos e com serviços de partilha acessíveis a todos.